1- Introdução
A Peste Suína Africana (PSA) é uma doença viral hemorrágica altamente contagiosa que acomete suínos domésticos e selvagens sendo responsável por graves perdas econômicas. É uma doença listada no Código de Saúde Animal Terrestre da Organização Mundial para a Saúde Animal (OIE) e é uma doença de notificação obrigatória aos órgãos oficiais nacionais e internacionais de controle de saúde animal, devido aos seu potencial para rápida disseminação e com significativas consequências socioeconômicas. Vale lembrar que não existe vacina ou tratamento para PSA.
De acordo com o relatório divulgado pela OIE (7 – 20/08) foram notificados 284 novos surtos de Peste Suína Africana (PSA). Em todo o mundo o total de surtos em andamento é de 7.130, incluindo 3.674 surtos na Romênia e 1.472 surtos no Vietnã. O Vietnã já eliminou 43.150 suínos desde o início deste ano para conter a propagação da doença no país, sendo que os gastos no combate e prevenção já ultrapassam os US$ 565,2 milhões só neste ano. E no dia 10/09 a Diretoria de Saúde Animal e Bem-Estar Animal da Alemanha, reportou a Organização Mundial para Saúde Animal, a primeira ocorrência de Peste Suína Africana no país, encontrada em uma carcaça de javali perto da fronteira com a Polônia.
2 – Biosseguridade: a principal ferramenta
A Biosseguridade é o pilar mais importante numa cadeia produtiva para manter a saúde dos animais e mitigar riscos de contaminação e disseminação de agentes infecciosos (MORÉS et al., 2017). Definida pela OIE (Organização Mundial de Epizootias) como um conjunto de medidas que visam proteger uma população de agentes infecciosos transmissíveis e, segundo MAPA (IN44, 2017), Biosseguridade é o conjunto de procedimentos que visam prevenir, diminuir ou controlar de forma direta ou indireta os riscos da ocorrência de enfermidades que possam ter impacto na produtividade destes rebanhos. Qualquer vetor (humanos, roedores, insetos e outros animais, equipamentos, alimento, água, granjas vizinhas, sistema de dejetos, veículos, roupas, calçados, entre outros) que porta matéria orgânica de suínos é potencial transmissor de patógenos (MORÉS et al., 2017).
A Biosseguridade pode ser dívida em externa e interna. A biosseguridade externa relacionada à proteção do rebanho contra o ingresso de agentes infecciosos, com o dever de reduzir a introdução de doenças endêmicas e impedir a introdução de doenças exóticas no sistema de produção. A biosseguridade interna relacionada à prevenção da multiplicação e disseminação de agentes no rebanho, deve reduzir a propagação das doenças e reduzir a pressão de infecção dentro do sistema de produção.
3 – O que está sendo feito para previnir a PSA
3.1 Órgãos Oficiais:
O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) intensificou a vigilância contra a peste suína africana (PSA) com a distribuição de material informativo sobre a doença. O objetivo é evitar que o vírus entre no país e afete a agropecuária brasileira. No Brasil, a PSA foi erradicada em 5 de dezembro de 1984 e o país foi declarado área livre da doença. O MAPA tem orientado os serviços veterinários estaduais a fortalecerem a vigilância dos animais, com controle de acesso de suínos a lixões e aterros sanitários e proibição de alimentar os animais com resto de alimentos.
Intensificou-se a fiscalização do descarte adequado de resíduos alimentares provenientes de aeronaves comerciais e navios; reforçou-se a inspeção de bagagens de passageiros de voos internacionais, atenção ao cumprimento dos requisitos sanitários para importação de suínos vivos, material genético, produtos, subprodutos e insumos. De acordo com o Sistema de Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), foram distribuídos 88 banners para aeroportos e portos de fronteira para alertar o viajante, sendo 44 em português e 44 em inglês. Os Profissionais do MAPA foram treinados em laboratórios internacionais de referência para aplicação dos conhecimentos na rede de laboratórios oficiais do Brasil.
A secretaria de defesa agropecuária está revendo procedimentos e revisando os certificados sanitários internacionais necessários ao comercio de produtos de origem animal; foram atualizados todos os procedimentos de importação de produtos e animais e de risco relacionados à doença, principalmente nas áreas com maior incidência.
3.2 Agroindústrias/Cooperativas/Produtores Independentes:
Na suinocultura brasileira, apenas as granjas de suínos Certificadas (GRSC) possuem normativa oficial, na qual constam critérios específicos de biosseguridade a serem seguidos, além de monitoramento de doenças específicas (IN 19 de 2002). Desta forma, os cuidados com biosseguridade desses rebanhos dependem, exclusivamente, das empresas integradoras e dos proprietários das granjas.
Desta forma, todos estão implementando e/ou fortalecendo seus programas de biosseguridade com base em todos os itens comentado anteriormente. Dentre as ações que vem sendo fortalecidas temos:
Visitas à Unidade Produtiva – Qualquer pessoa que necessita fazer uma visita à granja, a trabalho ou não, deverá estar em vazio sanitário (sem contato com suínos de outra granja, abatedouro ou laboratório que trabalha com agentes infecciosos) por no mínimo 24 horas.
Visitante estrangeiro ou brasileiro em retorno de viagem internacional – independentemente de ter ou não visitado alguma granja, abatedouro ou laboratório com agentes infecciosos, deverá estar em vazio sanitário por pelo menos 72 horas.
Técnicos autônomos ou de empresa integradora (técnicos de assistência técnica e vacinadores) que assistem apenas granjas da mesma integração poderão visitar mais de uma granja por dia desde sigam os procedimentos de troca de roupa e calçado e lavagem das mãos com produto germicida na entrada à granja.
A granja deverá documentar todas estas visitas, mantendo no escritório um caderno de registro com informações mínimas de data, identificação da pessoa, objetivo da visita e identificação da última visita por ele feita em outra granja, abatedouro ou laboratório que trabalha com agentes infecciosos.
Programas de capacitação continuada dos envolvidos no processo desde os produtores, técnicos, extensionistas e fornecedores abrangendo as ações de Biosseguridade.
Revisão/atualização dos Manuais com os procedimentos operacionais padronizados para realização das medidas de Biosseguridade e manejo sanitário.
Foco na Rastreabilidade – As unidades de produção devem manter registros que permitam a identificação e a rastreabilidade dos suínos. Rastreabilidade que vai desde a recepção de reprodutores e material de multiplicação animal até a elaboração do produto final do compartimento por no mínimo 3 (três) anos.
3.3 Empresas do setor/ prestadores de serviços:
Todas as empresas do setor estão focadas na prevenção da entrada da PSA ao Brasil. Todos os cuidados em relação a viagens internacionais e vazio sanitário estão sendo tomados. Estão sendo feitas campanhas de marketing e ações de conscientização com temas voltados à Biosseguridade.
A Vetanco a exemplo, na semana do 07 a 11 de outubro, realizou uma rodada técnica no MT com algumas das principais cooperativas da região, na qual foram proferidas palestras com o tema principal de Biosseguridade, abordando a importância e tópicos principais cuidados dentro e fora das granjas.
4 – Considerações finais
Para que um programa de biosseguridade tenha êxito, ou seja, para que sejamos efetivos em evitar a entrada da PSA no Brasil, é necessário acima de tudo que as pessoas envolvidas no processo entendam em sua plenitude todos os conceitos e o porquê deles, estejam comprometidas e engajadas no propósito e que tenham ciência das consequências das suas ações no processo produtivo.
5 – Referências bibliográficas
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